Desde que comecei a trabalhar junto com a Umbô, tenho acompanhado mais de perto as notícias publicadas sobre robótica. Por ser um campo em rápida evolução, é interessante descobrir as novidades que estão sendo lançadas e que, em um curto espaço de tempo, podem ser incorporadas no dia a dia de todos nós. Vamos falar sobre a personalidade dos robôs.
Infelizmente, mesmo sendo uma parte de um movimento importante de disrupção tecnológica, a maior parte das seções dedicadas a cobrir esse campo tem um tom mais tabloideano que de uma cobertura jornalística comum. Talvez por mexer com nosso imaginário, alimentado por tantos produtos de entretenimento envolvendo robótica, muitas vezes o assunto não é abordado objetividade esperada, tendo sempre um toque de fantasia adicionado à história. Neste meio faz de conta, os robôs são seres completos e independentes, com vontade própria.
O Robô que foi Demitido
Enquanto eu pesquisava textos que mostrassem exemplos de aplicações reais de robôs no varejo físico no mundo, acabei encontrando uma matéria sobre o robô Fabio (um robô modelo Pepper) que foi “demitido” de um supermercado na Escócia por incompetência. No texto, o robô é retratado como se fosse de fato uma pessoa: ele perde o entusiasmo do começo do trabalho, dando, por exemplo, respostas secas para os consumidores. O robô Fabio chega até a implorar e reclamar ao ser “demitido” pela dona do mercado.
Como essa, é comum que as notícias sobre robôs tenham ironia e até mesmo com uma dose de revanchismo. Alguns tem receio que essas máquinas possam roubar empregos no futuro através da automação. Assim, algumas pessoas ficam felizes ou aliviados quando robôs não se mostram capazes de executar uma tarefa específica.
Nós da Umbô também algumas vezes retratamos nossos robôs como seres individuais nas redes sociais (veja nosso Instagram e nossa página de Facebook), tornando o Umbô e o Dubô protagonistas de diversas aventuras. A Promobot, fabricante de robôs de quem a Umbô é representante, também se utiliza desse expediente com certa regularidade — como no caso do robô “atropelado por um Tesla autônomo”. Mas também precisamos ser sérios, afinal nossos robôs existem para de fato ajudar pessoas e empresas a atingir seus objetivos.
Então robôs não tem personalidade?
Não quer dizer que o robô não expresse personalidade, sendo uma máquina tediosamente objetiva em cumprir suas funções. Qual é o sentido de se possuir robôs humanóides no atendimento se ele não pudesse emular características humanas? É justamente a interação com humanos como se a máquina fosse humana também que é o seu grande diferencial.
A diferença entre a personalidade de um humano e de um robô é que a segunda não depende dele. A personalidade de um robô é aquela que programamos para ele ter, sem tirar nem pôr. Essa não é uma característica exclusiva dos robôs Promobot, mas da robótica no geral. Até mesmo do robô Sophia, que muitos veículos tentam retratar como completamente autônoma, precisa ser programada.
Essa característica não é uma desvantagem — é justamente o oposto. Sendo assim, um robô pode ser moldado para expressar a personalidade adequada para o ambiente em que trabalha. Pode incorporar os valores da empresa, sendo praticamente uma brand persona física.
Retratar robôs como se fossem pessoas reais — que perdem o entusiasmo ou são incompetentes — mascaram outros problemas. Robôs, para exercerem eficientemente suas funções, possuem grande volume de trabalho humanizado por trás. Programadores, UX, redatores e outros profissionais são responsáveis por suas ações. Por isso, um robô “incompetente” ou “preguiçoso”, pode estar apenas acobertando outros seres com “personalidade dos robôs”.